A arte de traduzir histórias em cabelos
Por trás do nome que se tornou sinônimo de elegância moderna, existe um artista que enxerga o cabelo como linguagem.
Stephen Knoll começou sua trajetória nos bastidores da moda nova-iorquina, moldando penteados que iam muito além da estética. Para ele, cada corte, cada textura e cada movimento contam uma história — e o papel do hairstylist é revelar essa narrativa com sensibilidade e técnica.
Com mais de duas décadas de parceria com a KOSÉ, Stephen consolidou uma visão única: unir performance profissional e bem-estar sensorial através da ciência japonesa. Entre bastidores de editoriais e laboratórios de Tóquio, ele continua reinventando a relação entre beleza e identidade.
Nesta conversa exclusiva para a MAGZ, Stephen fala sobre criatividade, autenticidade e os rituais que transformam o ato de pentear em um gesto de autoconfiança.
Qual é o seu processo para definir o melhor penteado para um cliente quando o estilo pessoal dele é diferente do que precisa para um papel ou evento específico?

Cada cliente que senta na minha cadeira traz duas histórias: a que vive todos os dias e a que precisa contar naquele momento. O meu trabalho é fazer a ponte entre essas duas histórias — através do cabelo.
Quando o estilo pessoal de alguém não combina exatamente com o que é necessário para uma ocasião específica, eu começo ouvindo. Ouvindo de verdade. Pergunto como essa pessoa se enxerga, com o que se sente confortável e o que deseja transmitir. Depois, procuro o elo emocional entre esses dois mundos.
Nunca se trata de forçar alguém a ter um visual. Trata-se de traduzir a personalidade dessa pessoa em um estilo que se encaixe no momento. Seja algo liso e poderoso, romântico e suave ou ousado e gráfico. Quero que, ao olhar no espelho, ela ainda se reconheça, mesmo que em uma nova versão de si mesma.
Como você se mantém à frente das tendências, especialmente quando precisa criar estilos únicos ou vanguardistas?
Eu me mantenho curioso. Esse é o verdadeiro segredo. Observo o que acontece nas ruas tanto quanto nas passarelas. Busco inspiração na arquitetura, nos tecidos, nos movimentos e até na natureza. A inspiração está em todos os lugares — basta manter os olhos abertos.
Mas, mais do que as tendências, eu foco na atemporalidade. O cabelo não deve apenas parecer bonito em uma foto — ele deve se sentir certo na vida real. O que mantém meu trabalho relevante é a tecnologia: entender quais produtos e tratamentos realmente fazem um penteado durar, se mover e brilhar naturalmente.
Foi isso que inspirou minha linha com a KOSÉ. Por exemplo, o Shake & Straight Hair Primer usa tecnologia japonesa para dar “memória” ao cabelo — permitindo modelar livremente e voltar ao liso perfeito com apenas um toque de calor. Já a linha Madison Avenue reflete aquele equilíbrio entre o estilo sofisticado e o despretensioso que eu adoro — elegante, mas nunca rígido.
Como você aborda um cliente com um tipo ou textura de cabelo que não conhece tão bem?
Com respeito. Cada textura tem sua própria linguagem, e a primeira coisa que faço é aprender a escutá-la.
Quando trabalho com um tipo de cabelo novo para mim, passo um tempo estudando seus movimentos, como absorve a umidade, reage ao calor e mantém o formato. Às vezes testo diferentes técnicas ou colaboro com outro profissional que domine aquela textura específica.
Independentemente do tipo de cabelo, eu trato a integridade dos fios como algo sagrado. É por isso que confio em tratamentos como a Deep & Renew Treatment Mask — eles me dão segurança para experimentar, sabendo que o cabelo permanecerá saudável, macio e resistente depois.

Como você lida com a confidencialidade e a privacidade ao trabalhar com clientes famosos?
Discrição faz parte do meu DNA. Quando você trabalha com pessoas que vivem sob os holofotes, percebe como a privacidade se torna rara para elas. Eu crio um ambiente onde elas possam simplesmente respirar — sem câmeras, ruídos ou distrações. Apenas confiança.
Jamais publico uma foto sem autorização, não repito histórias e não permito energias que não sirvam àquele momento. O salão ou o set se tornam uma espécie de santuário. É aí que elas se abrem — e é aí que o verdadeiro trabalho acontece.

Qual é o maior equívoco sobre ser um hairstylist de celebridades?
Que é tudo glamour e champanhe. (Não é!) Existe glamour, sim! Mas por trás de cada tapete vermelho ou editorial há planejamento, pressão, exaustão e muita improvisação.
Você precisa ser artista e estrategista ao mesmo tempo. Está resolvendo problemas em tempo real — umidade, zíper quebrado, iluminação, horários, estresse. O segredo é manter a calma e fazer o cliente sentir que tudo está sob controle, mesmo quando você está operando na base da adrenalina.
O que as pessoas não veem é o quão íntimo esse trabalho é. Você toca o cabelo de alguém e isso é uma conexão profundamente pessoal. É fazer parte de como essa pessoa se apresenta ao mundo. É um privilégio que nunca levo de forma leviana.
Existe alguém com quem você ainda gostaria de trabalhar — e por quê?
Muitas pessoas! Mas o que mais me empolga é trabalhar com quem usa a beleza como forma de expressão, quem vê o cabelo como parte da própria identidade. Eu adoraria colaborar com artistas que borram as fronteiras entre moda, arte e performance, alguém destemido como Lady Gaga, por exemplo.
Mas, sinceramente, encontro esse espírito em todos os lugares. Às vezes em celebridades, às vezes em clientes comuns que simplesmente decidem se reinventar. Esse momento de coragem. É por isso que eu faço o que faço.
Qual é a sua abordagem para manter a saúde dos cabelos de clientes que mudam constantemente de cor, estilo ou passam por muitos tratamentos?
Consistência e cuidado. Você pode se reinventar quantas vezes quiser — desde que proteja a base.
Para clientes que mudam o visual com frequência, eu crio um plano alternando fases de hidratação, reparação e proteção. Tratamentos como a Deep & Renew Mask são essenciais entre sessões de coloração ou calor, pois reconstroem a estrutura interna do fio, mantendo-o forte e brilhante.
Ter cabelos cabelos bonitos não é uma questão de sorte mas, sim, de disciplina com prazer!
Antes do styling térmico, sempre aplico camadas de proteção — é aí que entra o Hydro Renew Mist que alisa e protege sem pesar. E, para finalizar, adoro um toque leve da Madison Avenue Milky Wax, que dá controle e acabamento polido, mas preserva o movimento natural.
Eu sempre digo aos meus clientes: Ter cabelos cabelos bonitos não é uma questão de sorte mas, sim, de disciplina com prazer!
Você tem uma marca de produtos favorita? O que te faz preferi-la?
Criei a minha própria linha porque não encontrava tudo o que queria em um só lugar. Eu precisava de performance profissional com prazer sensorial — leveza, inteligência e naturalidade. Foi exatamente isso que construímos com Stephen Knoll New York, em parceria com a KOSÉ no Japão.
Confio plenamente nela porque cada produto nasce de uma necessidade real, observada no salão. Cada fórmula existe porque eu queria uma textura, um resultado e uma confiabilidade que não existiam antes.
No fim do dia, minha filosofia é simples: o cabelo deve parecer bonito, sentir-se saudável e se comportar naturalmente, mesmo que eu não esteja lá para pentear!


